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Foto do escritorMaria Júlia Braz

Saúde mental é flexibilidade

Atualizado: 11 de nov. de 2023


Saúde mental é flexibilidade


Todos nós, nessa existência, temos um corpo. Podemos discutir se o corpo é tudo o que somos, mas essa é uma discussão para outra seara.


O que interessa para nós, aqui, é que impreterivelmente temos um corpo.


 

1- A DINÂMICA DO DENTRO E FORA NA NEGOCIAÇÃO DA VIDA


Isso significa que o que somos e o que não somos é separado pelas bordas do nosso corpo. O dentro e o fora são instaurados dessa maneira elementar: eu-corpo, outro-fora.


Pode até parecer complicado, mas é muito simples. Isso significa que a vida de todos nós é tomada pela constante negociação entre o dentro e o fora. Entre o que sou eu, e o que vem ao meu encontro.


Essa dinâmica se desdobra em termos físicos (como na regulação da temperatura do nosso corpo, por exemplo) e se traduz em termos emocionais.



2- FLEXIBILIDADE E SAÚDE MENTAL: O NÚCLEO DA EQUAÇÃO


A flexibilidade nessa negociação é precisamente o núcleo daquilo que chamamos de saúde mental.


Vejamos um exemplo:


Artur sempre sonhou em voar. Desde criança, olhava para o céu invejava os pássaros. Se imaginava voando, e sentia que só poderia ser feliz quando realizasse esse sonho.


Contudo, Artur cresceu e, obviamente, não criou asas.


Artur tem duas possibilidades frente a essa frustração:


Ele pode maldizer a existência que não lhe deu asas. Pode sentir uma melancolia profunda toda vez que observar um passarinho.


Dentro dessa opção, apesar de não realizado, o desejo de Artur se mantém intacto: ele está certo, a realidade está errada e é injusta com ele.


Mas Artur pode ainda empinar pipa. Montar um avião de aeromodelismo. Nadar, e imaginar que está voando.


Artur pode flexibilizar o seu desejo e encontrar um meio termo, um acordo entre o que ele quer e o que a realidade proporciona para ele.



3- O EXEMPLO DE ARTUR: NEGOCIANDO DESEJOS E REALIDADE


A partir do exemplo de Artur, podemos entender com clareza que quando tentamos forçar implacavelmente nossos desejos sobre o que está fora de nosso controle (seja a realidade das coisas, o sentimento dos outros, etc), raramente saímos ganhando.


Quando não aceitamos negociar com o que vem de fora, criamos pontos de inflexão que podem ser muito sofridos para nós.


A saúde mental não é resultado da concretização de todos os nossos desejos. Ela surge quando aprendemos a abrir mão de parte deles, para que possamos, ainda que não completamente, satisfazê-los.


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Maria Júlia Braz - Psicoterapeuta (11) 99317-7217 | mariajuliabrazcontato@gmail.com

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