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Responsabilidade

  • Foto do escritor: Maria Júlia Braz
    Maria Júlia Braz
  • 8 de jan. de 2024
  • 2 min de leitura

Responsabilidade

Quando recebemos um diagnóstico, no geral, supomos que o psiquiatra nos avalie assim:

Vejo que essa pessoa apresenta inquietação em vários momentos do dia, dificuldade para pegar no sono e manter-se dormindo, irritabilidade e tensão muscular.


Bingo! O que ela tem é Transtorno de Ansiedade Generalizada. Vamos tratá-la, com remédios e psicoterapia, para que se livre dessa doença o mais rápido possível.


Nessa formulação, vemos a doença como um agente externo que age sobre nós. Nos acomete sem que possamos fazer quase nada. Nos aprisiona, de modo que nos tornamos o nosso diagnóstico.


Pensamos “eu sou assim porque tenho ansiedade”, o que rapidamente se torna “eu sou ansioso”, ou ainda, “eu sou depressivo”, “eu sou TDAH”.


Temos a impressão de que nossos comportamentos são inevitavelmente afetados pela doença.

Doença gera Comportamento



1- COMPORTAMENTO E DOENÇA: UMA RELAÇÃO BIDIRECIONAL


O que não podemos perder de vista é que o fluxo diagnóstico é o exato oposto disso.

Comportamento gera Doença


O diagnóstico é a somatória dos nossos comportamentos, e não os nossos comportamentos são a somatórias dos nossos diagnósticos.


Mas, em termos práticos, o que isso significa?


Que temos responsabilidade sobre a doença que manifestamos. E essa é uma realidade muito difícil de aceitar.


Essa verdade é realmente difícil de engolir, pois muitas vezes não temos culpa nenhuma do que aconteceu conosco e nos adoeceu.


Mas, pense comigo: nós só miramos naquilo que é possível. E, se nos convencemos que nossa doença é algo involuntário e fora do alcance da nossa vontade, nada podemos fazer para superá-la. Fica impossível viver de outra forma.



2- RESPONSABILIDADE E LIBERDADE NA SAÚDE MENTAL


Só conseguimos alterar nossos comportamentos e modos de viver que estão gerando a doença, se acreditarmos que isso é de fato possível.


A responsabilidade pelos nossos estados mentais nos abre essa porta: se temos responsabilidade, podemos agir. Retornamos ao banco do motorista e podemos recalcular a rota.


É assim que a responsabilidade constitui o núcleo da liberdade. Sem ter responsabilidade sobre as coisas, somos meras vítimas, soltas nas correntezas do acaso, pessoas a quem as coisas acontecem, sem agência nenhuma.


O que a responsabilidade nos traz não é culpabilização, mas esperança. Ela nos oferece um vislumbre de que temos algum controle sobre nossos estados mentais. Podemos, sim, ser diferentes. Podemos, sim, ser mais felizes.


Por fim, gostaria de falar um pouco sobre o argumento organicista, que muitas vezes reproduzimos como uma tentativa de desresponsabilização:


Tendemos a localizar as doenças mentais como tendo origem no cérebro. Acreditamos que nosso cérebro é de tal jeito e isso é fixo, inalterável. Essa é uma mentira.


Embora possa haver doenças derivadas da fisiologia cerebral, esse não é o caso da grande maioria dos diagnósticos de saúde mental.


O cérebro pode até apresentar padrões condizentes com diagnósticos presentes, mas ele é dotado de plasticidade, pode mudar sua forma de funcionar.


A partir de novos estímulos, “aprender” a ser de outros jeitos. Nós não estamos presos a um cérebro defeituoso.


Existem, sim, diferenças estruturais entre o organismo de cada um, mas essa nunca é uma sentença. A mudança é sempre uma possibilidade humana.


Deseja saber mais, tirar dúvidas ou agendar sua consulta? Entre em contato nos links abaixo:

Maria Júlia Braz - Psicoterapeuta (11) 99317-7217  | mariajuliabrazcontato@gmail.com


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